Cabrashow: a loucura documentada da vida. Pra quem gosta de ler!

sábado, 31 de janeiro de 2009

As sick as fuck

Achei no Google, é mais ou menos assim que eu me visto. Só que minha placa é diferente, mais legalzinha. Estou começando a ficar habituado. É divertido, faço umas micagens, umas boberagens, aceno pras crianças, buzinam pra mim e eu fico faceiro.

Lembro que meu tio Adrian Lincoln falava que era bem usar par de meias diferentes, não propositalmente. Sempre uma vez ou outra acontece de não achar, perder o par e meter, mas nunca branco com preto por exemplo.

O que aconteceu aqui foi que trouxe algumas meias, nem tantas. Umas rasgaram, tava meio zerado. Na feirinha por 4 dólares tem 6 meias USA. Vou me jogar qualquer hora. Nestas piras de viagem acontece que quando um volta pro Brasil geralmente deixa uns tênis, meias, calção. Prefere deixar aqui pra não ocupar espaço na mala e leva tudo novo. Aí tinha uma sacola de meias aqui rolando, mas eram usadas do Ganso. Me falaram: Pois é, essas meias o Ganso deixou aí, ui credo.
Sem preconceito, eu botei todas na máquina saíram cheirosinhas, todas meio brancas, mas uma diferente da outra. Aconteceu que agora eu nunca to com par igual. Virou um virado de meias.

Vai ter Eagles of Death metal aqui, mas é só pra maior de 21 anos e os ingressos já estão esgotados. Foda, rola várias bandas aqui por exemplo vai rolar: NOFX, vai ter Whick one's Pink? Que é um tributo ao Pink Floyd, vão tocar o álbum do The Wall inteiro. Esse eu vou, 28 de Março. Logo que eu cheguei aqui teve o Pink Floyed cover australiano mas esse eu perdi. Vai ter Lounge Against the Machine.

Vai ter James Morrison, Brian Wilson co fundador dos Beach Boys, Jesse McCartney, Skid Row, The Pretenders, Jimmy Eat World, Ok Go, Zappa plays Zappa, vai ter Yes, outro dia teve The Walkmen. Led Zepagain, deve ser divertido. Vai ter Kreator. Vai ter Slipknot. Várias bandas, não conheço muito preciso até de umas dicas se algo é imperdível que eu deveria ir.

Por exemplo show do NOFX os piá me falam que vou ganhar muita moral com a raça hardcore, apesar de eles já terem tocado no Brasil é a banda mor e tal.

Tem um bar bem legal que eu tenho certeza que é minha cara. The Casbah o nome, Nirvana já tocou lá. Quando eu fizer 21 vou dar uma conferida certeza, várias bandas, tipo: The Dogs, The Black Lips, Don Caballero, N.AS.A. Sei lá não conheço direito. Devem ser bandas pequenas, tem muita coisa ruim aqui também.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Wrong Chris/Chris Errado

For those who are into Cabra Show you should know that I've met two guys named Chris.
One is mórmon. He picks me up every tuesday to talk to the sisters, he speaks portuguese fluenty, he served mission in Brazil and actually he was in a car crash in Porto Alegre, got fucked up and came back to US.

The other one I met at City College and he is planning a trip to south america by car with a mexican friend. The one who came here the other day and brought tekila and carne assada. He is from San Diego, probably the guy I'm gonna live with from now on.

What happened is that I called the wrong Chris the other day, I was trying to reach the crazy Chris when I actually dialed the mórmon one:

-Hello, Chris?
-Yes.
-So man, how are you doing? What have you been up to?
-Not much, work, study.
-So, I was wondering, let's do something, drink some beer, what do you think?
-Beer?
-Yes, I don't know, anything, bring your friends.
-I'm not understanding you.
-Luam.
-Luam...
-Luam?
(10 seconds in silence)
-I thought we had an appointment with the sisters tonight.
-What? Oh, yes... Ah yes, for sure, so, so you're ginna pock me up tonight?
-I'll be there in 20 minutos maybe.
-Ok Chris, I'll be waiting for you.

After that I called the right one. Yesterday it was nice, there was this Open Mic thing at Purple Café. We went there, there was some guys jamming. Drums, all kinds of percussion, guitars, bass and a piano. You would pick anything and just jam. I played some stuff, Pira Piroca and Cadê minha certidão. They really enjoyed that. However they were not so good musicians. They would get out of rythm, I didn't like that.
So we came here in the appartment, Chris and some american friends. Even, Eric and I forgot the other one.
It was a lot of fun.

Yesterday I also waved again. It was better than the first time, I just avoid to keep looking what time it is.
It worked. I also drew myself waving from my perspective.
Check it out:



Lots of new crazy histories coming up next at the Cabra Show. Keep an eye opened!

Bus forever

sábado, 24 de janeiro de 2009

Get paid to wave

Cheguei na Liberty Tax lá e o cara soltou: This is our new waver. Este é o nosso novo waver.
Do meu lado o cara que tinha trabalhado antes com a fantasia, daí passou pra mim vestir. Mas um cara acabado, Deus que me perdoe mas com aparência de homeless assim (sem teto). Me dei conta que esse serviço de segurar placa na esquina é mais pra uns cara incapacitado mesmo. Que não bate bem da cabeça ou que não consegue fazer outra coisa.

Carreguei meu mp3 super e se não fosse ele não sei o que seria de mim. Eu pelo menos ficava balançandinho a placa no ritmo da música, quando passava de uma pra outra era horrível só o som do tráfego assim.

Um cara fantasiado de estátua da liberdade na esquina da Clairemont Mesa Boulevard com a Genesee Avenue com uma placa que era uma seta vermelha escrito INCOME TAX. Durante todo o tempo eu esqueci que estava com aquela fantasia tosca mas aparentemente é humilhante. Se fosse no Calçadão da Coronel Cláudio aí em Ponta Grossa pelo menos uns 100 caboclo iam me reconhecer e tirar um sarro da minha cara.

As criancinhas dão tchauzinho, alguns buzinam, uns gritam umas coisas mas faço questão de tuchar o volume do mp3 pra me desconectar mesmo. É mais pros carros mesmo, só passava gente andando quando o ônibus parava e assim que cheguei 3 gordinhas olharam pra mim e se explodiram de dar risada. Depois passaram mais uma vez falaram alguma coisa mas eu só fiquei fuzilando com o olhar.

4 horas. Foi de boa. Na verdade a hora não passa mas dá pra aguentar. No final um cara me deu com o dedo de dentro de um carro assim, de certo disse: "Fuck you motherfucker!" (Foda-se filho da puta)". Não tem porque se incomodar. Uns outros tentaram falar alguma coisa mas com o som alto eu só não fazia questão de entender nada.

E daí, será que vocês teriam moral?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Welcome to Mexico

Ontem fui para o México. Eu e Kelly.
Foi uns 20 minutos dirigindo sinceramente. Foi muito legal quando Tijuana surgiu na nossa frente, um morro de casas: "So, there it is" (Então, aí está). Uma bandeira enorme do México e eu perguntei, "ali naquela bandeira já é o lado do México?" É óbvio!
Deixamos o carro num estacionamento pro lado dos EUA saímos de apé, passamos uma ponte, entramos por um portão assim, uns camelôes vendendo tocas, cigarros e tudo que é quinquilharia.

Logo estávamos na rua, mexicanada all over the place. Muito engraçado em português se referir aos mexicanos como mexica. Tipo: "Daí o mexica chegou e tirou 5 pila do bolso". "Pois é, na sorte você até acha umas mexica gatinha". Ou ainda, "Sim, mas quem que atendeu você foi a mexica ou o mexiquinha?" Mexiquinha é o mor!

Fomos numa feira e eu comi um pacotinho de romã. Tinha todo tipo imaginável de sementes, nozes, amendoins. Frutas também diversas, todas com aspectos deliciosos. Bateu uma saudade de frutas. Frutas qualquer. Não se vê muito por aqui.

Cresci abominando a língua espanhola. Tinha um professor Pacheco, gente boa pra caralho, no ensino médio. Mas lembro que não suportava aquele espanhol de circo clandestino. La muchacha, el muchacho. Ô língua lazarenta!
Foi então que tive uma outra visão quando assisti Diários de Motocicleta, filminho de Guevara e também naquele livro Papillon acho que tem uns trechos em espanhol.
Não é difícil de aprender uma vez que falo o português mas como me arrependo de não ter me dedicado no espanhol desde o ensino médio. Eu não sei nada. Nadica de nada em espanhol.
Só sei gracias eu acho.

Kelly interagia um pouco mas eles falam muito rápido. Como queria dominar um espanhol bem também. Eu só arriscava um inglês, engraçado porque sou latino também.

Aí pegamos um táxi e rumamos pra um restaurante chamado El Potrero. Era um grande chapéu de mexicano. Um grande chapéu mexica.
Adentramos na moral, vem uns chips com umas salsas de aperitivo. Todas spicy (picante). Você vai molhando aqueles chips naquelas salsas e sua boca já começa pegar fogo.
Aí chegou uma sopinha quentinha picantinha, hummm, delícia. E uns bifes com umas saladas, um monte de coisa.

Engraçado porque toda carne que eu tinha comido, na casa dos outros, em qualquer lugar, sempre me pareceram estranhas. O gosto não tão temperado assim. Comentei com o Kelly que serviu missão no Brasil por 2 anos ele falou que é mesmo. A melhor carne é da América do Sul e no Brasil a carne é bem melhor. Mas a pira é que é absurdamente melhor. Não tem conversa.
Portanto, sintam-se honrados em qualquer churrasco de tio, avô, final de semana. Cervejinha e linguíça, coração, bife, costela. É ouro. É ouro!

Chegou mais um prato, o principal com camarão e mais uma coisarada que foi no sacrifício que coloquei tudo pra dentro. Aí voltamos de apé curtindo a sensação de estar em Tijuana até a fronteira. Pra entrar de novo só mostrar o passaporte e sussegado. Engraçado que pra entrar no México não precisa mostrar nada. Cada país tem o seu governo e as suas piras.

Voltamos trocando uma idéia violenta, nos despedimos eu ainda fui num Open Mic que vi no Craigslist. Toquei umas músicas em português, tinha pouca gente. Eles gostaram pra caramba, me avisaram sobre uns Open Mic mais nervoso que vai uma galera e dá até pra tirar uma grana. Open Mic é microfone livre, qualquer músico pode subir e fazer o som.

Outro dia aí houve este encontro de talentos no Sea World. Tavam contratando guitarristas, assistentes de palco, músicos, percussionistas, lamabaristas, artistas em geral. Aí eu compus uma música em cima de uma propaganda do Sea World que achei no Youtube. Modéstia parte a música ficou uma gracinha. Ensaiei algumas vezes, empunhalei o violão, peguei o 8 em direção Sea World, desci lá uma cambada de gente com números no peito. Uma coisa tipo American Idol.

Eu não pude ir mais cedo então já tava meio saturado de gente, vou mostrar a música no próximo dia 28 de Fevereiro. Tinha vaga pra Costume Character, se vestir com fantasias e ficar dançando. Ganha uma grana boa mas já tinha umas 200 pessoas lá desde às 10 da manhã. Acabei mostrando a música pra alguns que estavam lá exausto de tanto esperar e eles curtiram pra caralho, cantaram junto. Fiz uns amigos mas aí já saí fora. Não sei se dá pra postar música no blog, eu tenho ela gravada aqui. A letra ficou assim:

I believe there's still mysteries in the world
And wonders and surprises
I believe that fun is a renewable resource
I believe on celebrating life

Discover a place where worlds connect 3x
Sea World!

I believe there's somethings you will never
Be able to download
Oh yes I believe there's still mysteries in the world
I believe, I believe, I believe!

Discover a plce where worlds connect 3x
Sea World!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Boiada mor

Só pra constar. Retomando o assunto anterior. Muitos, muitos brasileiros cairam do cavalo nessa também. Não sou só eu. Estes dias conheci uma brasileira, ela estava entregando flyer na Fourth Avenue, me falou que só no albergue que ela tá tem uns 10 de curitiba tudo na mesma situação. Mas não se mechem tanto porque a família ainda consegue bancar. Todo dia no ônibus um burburinho brasileiro conversando sobre o que conseguiu, se já fez alguma entrevista. Foda, sempre tem brasileiro no ônibus. Anos atrás, nessa altura do campeonato a galera já estaria agilizada.

Eles não sabem a mão de obra que estão perdendo. Alto, bonito, esperto, dedicado, falo inglês fluentemente, sei mecher com computador, sou branco. E o mais mais, tenho um Social Security Card válido. Falam que vários mexicas aqui são ilegais. Outro dia fui me informar sobre um trampo de vender umas camisetas no porto a menina ficou abismada que eu tenho SSN e quero trabalhar ali, porque que eu não procuro em Hotel, lojas, sei lá. Como se eu já não tivesse procurado. Enfim, esse trampo há de estar por aí, tem muita gente rezando por mim, estar aqui é muito estar na beira do dinheiro, tudo passa muito rápido e tenho pouco tempo mas como diz meu amigo Bob Marley: Don't Give Up the Fight! (Não desista da luta)

Eu estou pensando em ir morar no templo Hare Krishna, eles me convidaram. Tem que acordar 4 horas da manhã pra meditar e cantar uns mantras pela parte da manhã mas daí um cafézão na faixa e almoço comida indiana everyday. Eles já deram o aval. Tenho que estudar o caso, não vou poder chegar de madrugada, levar ninguém em casa. Legal que os monges falam um inglês fodão e é troca de idéia forever, sobre tudo. Vou virar um monginho. Bem cara de Cabra Show mesmo morar no templo Hare Krishna.

Tá. Outro dia fui na busca de aulas de inglês no City College. Uma faculdade aqui, estão em férias, estava tudo escuro e deserto. Conheci um cara que também estava perdido por lá, Chris. Falou que está pra fazer uma viagem pra América do Sul em uma van. Ele e um amigo mexicano. Trocamos várias idéias e logo nos demos muito bem. Trocamos telefone, liguei pra ele pra fazermos alguma no fim de semana chegaram Domingo ele veio aqui.

Foi muito legal, passei o endereço, me ligaram, desci as escadas e ele chegou com uma amiga japonesa, Cindy e falou que mais dois amigos estavam pra chegar.
Trouxeram: 1 caixa com 8 latinhas de cerveja COORS; uma caixa com 8 long necks COORS; duas garrafas de vinho, um italiano e um australiano; uma garrafinha de tekila; carne assada; carne de porco; uma caixinha de chocolate ferrero rocher; uma carteira de cigarros CAMEL. Preparam uma guacamole aqui, sentiram-se em casa.

Descemos na churrasqueira, aí o ap burguês que eu to aqui fez efeito. Adoraram. À beira da piscina, tinha umas outras pessoas por ali. Ficamos tomando uma cerveja e eles preparando tacos e mais tacos e eu mandando ver. Forcei. Comi um monte. Daí chegou os amigos deles um casal de italianos mas que moram aqui faz tempo. Muito gente boa mas ficaram meio que no mel, ficaram meio de romancinho à parte. Começou a ficar frio, subimos lá em cima, a piazada chegou do trampo e ficou aquela galera se socializando.

Troquei mais idéia com o Chris, ele mostrou a rota da viagem deles, vão sair daqui de San Diego em Junho passar por México, Guadalajara, países no Caribe, ilhas. Vão pagar 1000 pila pra passar a van do Panamá pra Colômbia, eles passam de avião. Retomam a viagem e seguem Venezuela, Chile até parar na Argentina que pretendem dar aula de inglês e ficar por alguns meses. Falou que já está tudo na ponta do lápis e o último lugar pretendido é o Brasil. Vão passar na minha, eu vou levar eles pra uns lugares legais no Brasil tipo, Florianópolis, Rio de Janeiro, isso mais ou menos em Dezembro desse ano. Aí vão voltar pros USA e deixar a van comigo porque já faz parte do plano.

Se tudo der certo ganharei uma van deles. Imagine, enfim, manteremos contato por email com certeza. Muito gente boa, o Chris é de San Diego, falou pra mim ir na casa dele jogar FIFA no X-Box qualquer hora.
Sei que foi muito divertido, mostrei minha banda Wonderboys pra eles, consideraram. Mostraram Planet Hemp e Mamonas Assassinas também. Eu toquei um pouco de violão, nessa a galera já um pouco alta. Enfim, foi bem divertido.

Obama!

Cheguei aqui nos Estados Unidos com $700 pila no meu cartão de crédito e mais $200 na carteira. No aeroporto morrendo de fome, fui de mais barato no Mc Donald's, $17,00. E confesso, meti um chopp $5,00. Às vezes não dá pra aguentar as pessoas dizendo que são pobres mesmo. Por exemplo, tendo orgulho disso ou apenas reclamando que não tem um centavo no bolso.
Vagabundo, preguiçoso, filho da puta.

Desde que fiz minha inscrição no programa (Summer Work Travel), estava convicto, por tudo que tinha ouvido, que ia me dar bem até pela quantia de grana que estava trazendo comigo. Eu estava sussegado, comia bem porque achei que podia. Tinha fome, comia. Wendy's, Jack in the Box. Não passava de $2,00. Mas eu ainda não sabia que $2,00 é uma caixa com 12 MIOJOS.

Tá, paguei aluguel do primeiro mês, uma pancadinha. Me dei ao luxo de ir até LA ver o Smashing Pumpkins que já valeu pela vida, uns $150 ingresso + trem. $64 pila pra andar de ônibus o mês inteiro. Assim que me assentei acordava todo dia de manhã e seguia de porta em porta preenchendo os applications, conversando com os managers, pedindo por emprego.

Craigslist forever, anúncios, revistas. Até agora penso que não é pra mim as praias e baías paradisíacas daqui. Tento ignorar o pôr-do-sol. É demais pro meu estado emocional.

Comecei a ver o fim da grana chegar, emprestei um dinheiro do Vini, comprei uma alça e achei que ia fazer uma grana tocando no centro com o violão. Tenho que tentar mais umas vezes mas não fui bem sucedido.

Aconteceu que fiquei completamente sem dinheiro. 1 dólar pra ser mais exato. No país em que o fluxo nos leva a gastar pelo menos 100 dólares a cada quarteirão se possível. Quero dizer, restaurantes, discos, roupas, instrumentos musicais, aparelhos eletrônicos.
Eu abdico tudo isso e sempre abdiquei.

Pra quem me conhece, sempre fui a favor do Sixty Cents. Lá em Ponta Grossa por 2 reais, 2 pastéis de queijo engorduradassos e um MEIO suco fechou. Sou o que mais abdica do luxo.

Eu podia ter economizado fervorosamente desde o começo. E por mais ciente que eu sou de que dei meu máximo na procura de empregos, é imaginável alguém fazendo o dobro do que fiz. Pagando mais barato do que paguei. Comendo mais barato do que comi. A vida é assim, você aprende com a experiência. Com a experiência de tomar no cu.

Coisas simples: quando cheguei paguei $2,50 na tarifa de ônibus, não sabia que por $5 andava o dia inteiro e precisei usar mais. Comprar o round ticket de uma vez só, ida e volta no Amtrak é alguns dólares mais barato, tá na próxima eu faço isso, cabaciei. E por aí vai.

O mais injusto aconteceu. Meu pai teve que depositar 800 reais brasileiros pra dar o equivalente a $320 dólares aqui que nem deu nem muito pro cheiro. Como falei, eu não tenho muitas necessidades. Vou na base do miojo e ovo que pra mim vai muito tranquilo. 5 miojo 1 dólar.

Há tempos na economia curta sem mesmo aquele 1 dólar no bolso. Outro dia no porto uns telescópios assim na margem por One Quarter $0,25 cents e eu simplesmente não tinha. Bizarro.

Aqui comer em fast food sai barato, $1 dólar o Wendy's ou Mc Donalds. Disseram que eu ia voltar gordo só comendo isso e tomando coca-cola. Pra mim seria perfeito.

Ontem trabalhei no Belmont Park. Só por ontem. Foi bem legal, fiquei no Coconut Climbing, eu colocava os suportes pras crianças escalarem um coqueiro. Um gordinho com camiseta dos Beatles, uma menininha lovely chamada Eliana, alguns chegavam no topo outros não. 5 dólares pra tentar escalar e ganha um prêmio se conseguir ou não. Crianças de 3 anos, uns amores.
Um grupinho de uma piazadinha tipo 7 anos, demais eles conversando entrei si. Demais.

Consegui $60 dólares tomei um sorvete. Foi delicioso. Paguei umas contas, coloquei crédito no celu. Tenho $7 pila aqui comigo e não sabem como é estou me sentindo bem com isso. Hilário, o salário mínimo aqui é $8 a hora, qualquer trampinho um pouco melhor porém ainda baixo, camareira de hotel, recepcionista pode ser $10 por hora. Agora calculem comigo uma pessoa trabalhando full time 8 horas por dia são 80 dólares por dia. Na semana são $400,00. E recebe a bufunfa de 15 em 15 dias ou semanal ainda. Então dá pra ter uma noção porque ninguém tá aí pra nada aqui. Não tem onde enfiar dinheiro.

Desde que cheguei a agonia de procurar um emprego aumenta quando realizo a sacanagem que foi todo o dinheiro gasta no programa, investido em mim, essa pressão tem aumentado desde que cheguei. Me faz acordar cedo e sair à luta. Levar tantos nãos às vezes desanima. Dizem que é a economia. Tudo tá slow. É isso que eles dizem. Acredito que to muito azarado também.

Minha mãe comentando que meu pai já plantou batata, feijão, dormiu num cemitério em Maringá e juntava chepas de cigarro pra pegar o tabaco e fumar. Esse último é demais!
E também nossos vôs e vós que carpiam e suavam e ralaram e de certeza que tiveram uma vida 10 vezes mais foda do que tá sendo a nossa.

Eu sou muito dormir em qualquer lugar também. Só não sabia que USA ia me pegar desse jeito. Estou muito Rage Against the Machine aqui (Raiva contra a máquina). Che Guevarinha de PG. Converso com os mendigos, vejo todo mundo de igual pra igual.

Agora passando na televisão a posse do Obama. Dei uma choradinha de emoção sim. Negrão lá em cima, no topo. Legal eu ter presenciado este momento aqui. Me arrepiou. Todo mundo botando fé, um pastor rezou e sei lá, um bilhão de pessoas na casa branca em silêncio aí Obama se pronunciou. Começou dizendo algo com "humble", palavra que gosto muito. Humildade. Falou, é com humildade que assumo esse posto. Falou que é um país que tem todas as raças, todas as religiões e todo mundo merece ser feliz. Batiam palmas e vibravam pra tudo que ele dizia. E como fala bem o filho da puta.

Telões nas ruas, todas as escolas acompanhando, acordei cedo, fiz um café e só meti uma CNN live e só dei uma boa prestada de atenção no discurso inteiro do cara.

Consegui um bico de balançar uma placa na esquina fantasiado de estátua da Liberdade. Carreguei bem meu Mp3, coloquei uns Red Hot das antiga e vamos lá. 8 a hora. Não me importo mesmo.

Quarta vou pra Tijuana no Jaguar do Kelly, hoje vou no Balboa Park ver mais uns museus de graça. Hasta la vista everybody, também vou por uma foto do Obama aqui no meu blog só pra foder.

Hay que endurecerse sin perder laternura jamas!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Chargers x Steelers


Aí que tenho saído com meu mais novo amigo Clint. O cara que me abordou e me ofereceu uma oração no restaurante. Outro dia fomos comer comida mexicana, era aniversário de um amigo dele. Eu me sinto num próprio seriado americano vendo eles conversar.

Muito engraçado, aí eu tava mesmo querendo ir na igreja do Clint no domingo ver qual era e depois estava certo uma assistida do jogo do Chargers na casa de um lá.
As sisters me ligaram e me indagaram se eu preferia Deus ou o jogo do Chargers. Nem toquei no assunto da outra igreja, muito engraçado as igrejas estão me disputando.

Foi tudo muito legal. Uma banda nem tanto, mas um pouco daquelas igrejas americanas que aparece tipo no Lady Killers (Matadores de Velhinhas) e também em Forrest Gump e em vários filmes. Um negrão no vocal mandando muito bem, três mulheres cantando, um baixo, um guitarrista bem ligado e um batéra. Mas meio musiquinhas católicas, de leve, não aquela pancada funk James Brown. Engraçado, depois de Smashing Pumpkins foi a segunda banda que eu vi aqui nos USA.

Aí um pastorzão negrasso também passou um sermão e rolou um café, a melhor parte. Estava morto de fome, comi vários pãezinhos. Troquei idéia com muita gente da igreja, essa é a parte legal também. Conheci uma menina, Trisha, os pais são brasileiros mas nascida aqui. Aí no final fomos tudo pra casa de um deles lá pra assistir o jogo do Chargers.

Quartas de final da NFL, liga nacional de futebol americano, alguns com a camiseta do time, aflição. Foram me ensinando as regras, assisti o jogo inteiro. Umas 3 horas. Torci pro Chargers total, timinho aqui de San Diego jogando lá na Pensilvânia, tava nevando.
Não deu pra eles mesmo, foi uma pena. Galera ficou triste.

Não tomam cerveja, só no chá gelado. Me sentia tipo num capítulo do Friends ouvindo eles conversando daquele jeito, tinha uma galerinha até. Uma super televisão flat, mil polegadas.

Aí tinha uma parte ali fora e um pôr do sol violento estava se armando. Tinha um binóculo que era incrível, dava pra enxergar as pessoas andando na praia a muitos kilômetros de distância, dava pra ver os cruisers no centro da cidade, o Sea World e tudo. Nessa que Trisha tirou essa fotinha de mim:

Morrison Hotel

Fui numa galeria, Morrinson Hotel outro dia em La Jolla. Essa área La Jolla é muito bonita mesmo, eu fico impressionado, tem umas prainha só com focas, aí dá pra sentar numa ponte que vai até perto delas e ficar observando as focas tomando sol, hora ou outra uma se meche, vai até o mar. Mas o mar lá é muito louco. Ouço dizer que La Jolla é um dos lugares mais chiques da costa oeste aqui dos USA. Com as casas mais caras, aluguéis mais caros. Outro negrão gente boa pra caralho que conheci disse que é La Jolla, uns lugares em LA tipo Beverly Hills e Nova Iorque os picos mais burgueses da américa. Não deve ser à toa que só tem Porsches, Dodje Vipers, BMW's e Ferrari's pelas ruas. Tem até uma loja da Ferrari, outro dia entrei na loja dar uma olhada, olhei pro cara que trabalha lá e falei em inglês o que aí soaria como "Tesão de loja em!".

Essa Morrinson Hotel tem em New York/La Jolla/Los Angeles. Várias fotos da galera pirada dos anos 70. Beatles, Jimi Hendrix, The Who, Rolling Stones, Led Zeppelin. Quadros de $100 até $2000 dólares de diversos tamanhos, geralmente preto e branco. Tinha um enorme da Janis Joplin deitada num sofá sorrindo, minha mãe ia pirar com certeza. Uns quadros dos Doors num baréco normal assim tomando uma gelada. Várias fotos do Jim Morrinson em várias ocasiões, geralmente com uma gelada em mãos. Tinha uns livros também, um de $1000 dólares (milinha) com várias fotos e rascunhos de letras, totalmente colorido com fotos de umas pessoas muito hippies na década de 70, fotos das bandas, Syd Barret, Pink Floyd.
Qualquer quadro deve ser muito legal ter no quarto, fiquei imaginando, imagine eu levando um enorme dos Beatles pro Luimar. "Tá aí véio. Toma, é procê." Não sei se são as fotos originais, tinha umas famosas do Jim bem caras. Incrível como qualquer foto destas celebridades tornavam-se muito importantes, e eles se saem bem em cada close.
Dá pra ter a dimensão da pira que devia ser a vida deles, tinha várias do Bob Dylan, me reconheci um pouco com as fotos dele, galera do Zeppelin sempre mamando um whiksey, tinha umas do Neil Young também e vários cantores que não conheço, uns saxofonistas, todos muito loucos de certo. Tem o link aí, nem entrei ainda, depois quero dar uma olhada também:

www.morrisonhotelgallery.com

O que fiquei encucado também foi isso. Fui em uma outra galera ali perto, deserta mas com quadros muito legais de pintores famosos. Aí perguntei se era réplica das originais e ela disse que não, que eram os quadros originais. Mas aí estavam a venda ali por $2.000, $10.000 dólares. Perguntei, daí a pessoa compra, guarda em casa e ninguém pode mais ver? Ela disse que sim.
Fiquei muito desconfiado, tinha uns quadros famosíssimos, por exemplo:


Este aqui era um dos que estavam lá e eu me pergunto, é o original mesmo? Aqui na minha frente, à venda? Vários Picassos também impressionantíssimos, belíssimos aos meus olhos. E eu me pergunto, não deveriam estar em um museu lá na Europa ou alguma coisa assim? Não botei fé, acho que alguém podia me explicar isso melhor. Tinha umas esculturas também, estas talvez até não vejo como fazer réplica. Mas me pareceu tão triste aqueles quadros se forem os originais mesmo, fiquei desesperado. Por outro lado é uma super galeria e meio ao léu naquele momento, como é que não roubaram tudo ainda?

Tinham quadros também de Dai, Chagall, Miro, Tamayo. Tamayo foi o que eu mais gostei, demais! É arte pura. Aquilo ali sim é impressionante. Num café super descolado algumas quadras dali, pessoas cult com seus cães e laptops, eu tinha preenchido um application um pouco fora do comum, o mais criativo e sensato pra mim. Perguntas como, o que é arte para você? Quem é o seu herói? Sobre o que gosta de conversar? Ah se todos os applications fossem assim. Se no Mc Donald's influenciasse se você curte um Tamayo, gosta de filmes, escreve poemas, compõe músicas, enfim. Respondi que achava que todo ato espontâneo é arte. Quando você assovia uma melodia criada na hora, aquilo é uma composição, quando está ao telefone riscando aleatoriamente um papel, nessa tornas-te pintor - e como gosto destes rabiscos ao telefone - quando consegue romper a barreira da mesmisse e conta pro seu amigo uma idéia original sobre qualquer coisa e também o contar! O contar em sim pra mim é arte. Contar como foi aquele gol!

Aqui cachorrada infernal. Os hippies andam com cachorros enormes. As coroas com cachorrinhos minúsculos. Os caras bem de vida com cachorros consideráveis. A família com cachorros espertinhos. Nesse café que eu fui, pelo amor de deus, pra que? Pra que toda essa cachorrada? Alguém cantou essa que no futuro seria essa cachorrada?
Eu me impressiono em como eles são inteligentes, mas só isso. Não suporto, tenho medo, me irrito. Tem umas moças que andam com tipo, três cachorros enormes e fica se fodendo pra caminhar com eles. Pra que? Dizem os piás aqui da casa que um cachorrinho é o que há pra iniciar um papo, as mulheres vêm paparicar o dog sempre. E todo mundo paparica o dog de todo mundo e eu mando todo mundo se foder!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

The Mortician

Daí fomos numa festa de brasileiros. Bera vai bera bem chegaram dois gringos.
Abordei um, Brian. Os pais eram mexica mas tinha nascido aqui em San Diego portanto tinha um inglês muito legal.
Conversamos muito mesmo, tinhas umas idéias legais, relax, meio que não tava aí pra nada. Perguntei se ele entendia o que a galera ficava falando e ele respondeu que às vezes dá pra ter uma idéia do que a brasileirada tá falando mas que ele fica sussegado porque não é da conta dele. Rimos muito.

Mas fiquei mais abismado com a profissão dele. Ele disse que a qualquer momento poderiam ligar pra ele e teria que sair da festa pra pegar alguém que morreu.

Removal Technician, ou também Mortician. Brian vai com um furgão na casa das pessoas, entra, pega o cadáver, coloca no veículo, leva pra um outro lugar. Uma outra equipe lava, faz as unhas, um penteado, passa uma maquiagem, tampa os buracos e ele embalsama. É, alguma coisa assim.

Cada história muito louca que ele contava. Daí a primeira coisa que perguntei foi "Então você já pegou num defunto?". Ele respondeu, "sim, vários". Disse que hoje tinha sido tranquilo. Só umas pessoas bem velhas.
Ele falava as coisas e a gente filosofava. Não tem horário para a morte. As pessoas morrem à uma da tarde, às 8 da manhã, às 11 da noite, na caída da tarde, na madrugada. Aí você pensa, eu estava lá em casa assistindo tv e aquela pessoa estava morrendo. Estava na fila do banco e o outro à algumas milhas estava batendo com as botas!

Ele enfatizava e refletíamos. Criança, adolescente, adultos, homens e mulheres. Pessoas morrem a todo momento. E ele é o cara que vai aonde for, acidente, suicídio, infarto, esta lá removendo o corpo e trazendo pro que aí seria IML.
Perguntei se já tinha visto alguma gata morta na profissão. Gata morta, quero dizer. Uma gostosinha morta. Ele falou que algumas vezes. Acontece bastante é da gostosinha estar viva e com uma camisolinha curtíssima chorando aos prantos enquanto ele vai remover o corpo do avô dela. Daí fica aquela situação. Pra ele só mais um corpo em mais um dia de trabalho ,entretanto tem que dar uma de comovido e dar uma boa desbaratinada, não pode ficar fuzilando demais as pernas da netinha.

Sempre, no caminho, seja de manhã de casa para a primeira emergência, seja da primeira emergência pro IML, seja depois do almoço. Brian faz o uso da maconha. Enrola unzinho e vai até a última ponta que geralmente dá até no portão da casa da vítima. Dispensa, toca a campainha e entra remover o corpo. Forever high. (Trabalha sempre chapado)

Falou que é triste o que rola de crianças se afogarem. E também fetos, corpos minúsculos do tamanho, menores ou pouco maiores que o tamanho da nossa mão. Também muita gente morrendo de overdose. Mulherada, rapaziada esparramados no chão com uma seringa no braço. Crack, heroína, cocaína. A galera toma uma dose exagerada que o corpo não suporta e lá vai Brian os remover.

Não entendi direito, às vezes falava muito rápido, mas parece que durante uns tempos ele removeu mais de 16 suicidas da NAVY. Marinha americana. Pelo que entendi os jovens vão servir a pátria, deixam namoradinhas, famílias, vida boa. Ficam anos tomando no cu e quando voltam suas mulheres já estão com outros, o cachorro morreu, se percebem sozinhos e degolam-se.

Falou de adolescentes que se degolam também, 12, 13 anos. Que não dá pra entender o que se passa na cabeça dos infelizes.

Comentei sobre Elliott Smith, o rockeiro mais admirado e venerado pelo nosso grupinho aí em Ponta grossa que se matou desferindo punhaladas em seu próprio peito. Ele disse que pessoalmente acha que são vários os motivos que podem levar uma pessoa a se matar desse jeito.

Engraçado porque eu tava consideranto ele de tal maneira, por sua profissão, por sua vida, em outras palavras, ele estava com tanta moral comigo, que tudo que falava eu assinava embaixo.

Ele era muito engraçado, não tava nem aí pra nada. Meio um Luquinha.
Apenas mais um ali no meio da galera, meio que não entendendo, tomando uma cerveja. Curte um som. Apenas um cara normal.

Conversamos sobre várias coisas, sinto falta en não trocar mais idéias com americanos por aqui, mas não dá pra sair batendo de casa em casa na busca de um cara gente boa pra trocar uma idéia. Na verdade é sensato, por exemplo ontem vi dois caras no ônibus muito indies. Muito bens na fita trocando uma idéia sobre Bright Eyes ou sei lá o que. Só não abordei.

Mas às vezes abordo, sim abordo. Sou o que mais aborda daqui. Não tenho nada a perder e já tá passando muito rápido.

Legal que no Cabrashow a galera também me aborda. Do nada um cara sempre me aborda daí corro aqui contar pra vocês.

Fico muito filosofando a possibilidade de por exemplo uma pessoa chegar aqui e se arregar de um jeito a ponto de morar com uma pessoa na faixa, comer na faixa e ficar de carro por aí fazendo umas viagens só na base da lábia e da camaradagem. O que seria extremamente sensato pra gente. Se chegasse um gringo em PG meio passando fome, meio de cu tomado e super gente boa só iríamos abraçá-lo e encaminhá-lo nas barcas.

Se Caborteiro tem 6 pila, eu tenho 4 e Luimar tem 5. Vamos fazer o balanço total antes de sair pra noite, computar uma possível volta de apé, madrugueiro, e os goles que vai dar, mais barato, cerveja barata e a vininha (salsicha) antes de vazar de forma que fiquemos razoavelmente altos, poupando o máximo de grana e que a larica seja consideravelmente tapeada e também se for o caso todo mundo posa lá na minha casa.

As pessoas são cruéis, já dizia o meu tio Adrian Lincoln.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Jesus loves you

Coincidência. Coloco minha camisa social branca por baixo da calça, uma gravata, cabelo cortado, mochila nas costas. To muito aqueles mórmons que andam na rua. Mas o tratamento é outro e na verdade é bem legal andar de gravata.
Consegui uma entrevista num lance de marketing. Nem vi direito o que era. Pega o 27 pra Kearny Mesa, lá vários Subways, Wendy's, Taco Bell, Mc Donalds, smoothies store, smoothie é tipo um milkshake assim, uma delícia. Aí pensei, depois da entrevista vou varrer estes fast food, aplicar em todos, é um lugar distante e é certo que o fluxo de gente pedindo emprego é bem menor. Funcionou.

Fui na entrevista, tenho que voltar lá amanhã, ganha uma grana boa mas não sei se sou capaz, nem sei muito direito o que eu vou fazer. Vou procurar no Google: Marketing.
Ganha uma grana boa, 400 dólares por semana, um pessoal mais velho sendo entrevistado, eu um pouco intimidado por ser o único estrangeiro, mas permaneci na moral.

Saindo de lá passei em vários lugares, a dica é: falar com o manager. "Can I talk to the manager?" O manager que geralmente contrata a galera, então, não é bom só preencher o application e deixar com qualquer um no balcão, é recomendável que faça uma frente com o manager. Eu sou bom pra fazer as frentes aqui. Desinibido. Também, nessa vida não temos nada a perder!

Eis que num destes restaurantes, Rufio's. Algo assim, acho que é comida mexicana. Estava lá eu numa mesa preenchendo o application quando do nada um gordo me surge e senta na cadeira à frente. Começou dizendo que isso ia soar estranho mas ele estava passando e me viu ali preenchendo o application e pensou que está complicado a busca por emprego mesmo e queria apenas fazer uma oração pra mim. Gordo gente boa.
Fiquei muito abismado na hora porque tenho ido na igreja aqui e tenho estado sob muitas confluências ideológicas em termos de religião. Nas discussões com as sisters na igreja de Jesus Cristo toda terça, nos testemunhos da galera na igreja, com meus próprios pensamentos sobre botar fé em Deus, rezar, ler a bíblia. Enfim, o cara me surgiu como um verdadeiro anjo.

Trocamos uma boa idéia e comentei mesmo com ele que estava foda. Minha situação tava apertada. Achei que ia rezar em casa por mim mas pediu se podia pegar no meu braço, fechamos os olhos e ele desceu o porrete numa oração no meio do restaurante. Mandou bem, pediu pra Deus me arranjar um emprego, falando Luam assim a todo momento. Meu nome pronuncia-se muito legal aqui, na verdade o certo, com "M" no final. E isso faz toda a diferença. Aqui é mais sexy falar meu nome. Aí no Brasil me chamam de "Luã".

Clint o nome do gordo. Falou que era meio traficante e com 18 anos conheceu Jesus e queria que eu soubesse que ele realmente existe e que me ama. Foi louco porque é o que as sisters da igreja me falam também. Quero dizer, assim bem desse jeito: Jesus exists, and he loves you!
É sempre bom pensar na existência de algo mesmo. Aí o gordo Clint me passou o telefone dele, me intimou pra fazermos alguma, ele me pega de carro. Também é claro que me intimou pra ir na igreja dele. Certeza que baterei um fio pra esse gordo, é legal fazer algumas, trocar umas idéias em inglês, conhecer pessoas novas.

Apliquei em vários lugares como pensei e é sempre a mesma coisa. Uma esperancinha, num deles comi um taco. 89 centavos. Incrível como o tratamento muda, não sei se foi o tapa que dei no cabelo, ou o impacto que é essa gravata. Os dois claro. Falando inglês bom ainda, em todos estes fast foods a grande maioria é mexicano. Não sei como não me contratam, ainda que sou branco!

Esperando o ônibus de volta uma sucessão de aviões à jato voando razantes em direção ao lado das montanhas. Este.
Um barulhão infernal. Não sei se já comentei mas aqui na California acho que tem umas bases, então, no céu é forever aqueles jatos soltando fumaça. Lá, lá bem em cimão. Fazem uns riscos no céu azul completando quase a parábola inteira da abóboda. É bonito. Eu piro nisso. E aviões normais forever também, à noite não se sabe se são estrelas ou se são aviões. Direto, não sei como não colidem.

Foi nessa que imaginem vocês mas a Taco Bell me ligou. Tenho uma entrevista que estou indo agora. Meti gravata de novo só pra garantir. Vou comer lá provavelmente. A verdade é que fui procurar emprego em uma área um pouco distante, o que foi uma boa tática e este Taco Bell em particular estava "Now Hiring, Crew and Manager" (Agora contratando, time e managers). O que não justifica porque já apliquei em vários com isso na frente.
Muita gente se dando bem e eu fico pensando quantos trampinhos extremamente de boa existem em todos estes prédios por aí. Todo mundo trabalha. Deve ter muita gente que ganha muito pra fazer coisas fáceis, ficar no computador, digitar umas paradas, ganham pra dar um migué. Enfim, deve ter também uns trabalhos muito legais, divertidos. Tem de tudo.
Tem até aquele trabalho que o cara embalsama as pessoas mortas e põe no caixão. Esse vai ficar pro próximo post aqui do cabra show um cara muito gente boa que conheci e tem esse trabalho.
Cabra desligo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Balboa Park Museums

Receptionist Wanted

Num dos picos em Hillcrest tinha um anúncio "Recepcionist Wanted". Era um salão de beleza. Entrei eles me deram um application e falaram que era pra mim voltar com um currículo. Perguntei há quanto tempo tinham posto aquele anúncio na janela e o gayzinho falou me falou que tinha colocado de manhã e alguns interessados já tinham aparecido.

Basketball at the church

Na Segunda-Feira mesmo depois do episódio da polícia voltei pra casa e fui na igreja jogar basquete. Foi muito legal. Uma super quadra, ginásio mesmo dentro da church. Uns caras church mas com muito panca de basqueteiro. Tênis basquete, calção basquete, camisetas de time de basquete. Fui na moral, eles jogam quadra inteira 4 contra 4. Algumas mulheres também jogam.
Tinha uns caras lá que jogavam muito bem, um grandão sempre me levava no jogo de pivô assim abrindo pro outro entrar pra bandeja. Jogavam certo, praticamente todos jogaram muito basquete quando tavam na High School. Suei bastante, voltei de carona com dois deles muito gente boa um carro com um super GPS numa telinha acoplada assim. GPS é a coisa mais tesão que existe mesmo.

Night in Garnett Avenue

Chegando em casa, um South Park acabando um Loucademia de Polícia começando. Todos muito de acordo dar uma boa assistida uma brother nossa ligou dizendo que tava rolando um super fervo num baréco na Garnett. Cientes que não rola mesmo menor de 21, fomos mesmo assim.
O lugar tava fervendo. Nessa avenida Garnnet tem vários lugares bem legais. Os bares são super bares assim. Muitas televisões passando uns canais loucos, drinks, pistas, lounges, pessoas bonitas. Fiquei um pouco intimidado mas encabecei uma fila na moral.
Troquei uma idéia com dois rapazes, falamos muito sobre futebol. Ronaldinho e tal. Aí chegando mais perto de entrar eu vi que os seguranças tavam pedindo a ID (identidade) pruns caras que aparentavam bem mais velhos do que eu. Imagine, sem chance. Jamais conseguiríamos entrar mesmo. Abortamos e desandamos pra casa, cheguei 1 da manhã.

Meu plano

Meu plano era acordar 7 horas, encabeçar um bom banho e ir pra Hillcrest completar uns restaurantes que ainda não tinha ido. Mas ade mesmo!
Só não pude e acordei tipo 9 horinha. Entrei no PC e me rendi um pouco ao mel, fiquei de bobeira no MSN só fui sair de casa umas 11 da manhã. Meio tenso de já ter meio que perdido a parte da manhã cheguei naquele salão com meu currículo. Troquei uma idéia com o gay mor do salão e ele jogou uma, "mas tem que cortar esse cabelo". Não pensei duas vezes. Falei "I agree, can we do it". (Eu concordo, vamos?) Ele perguntou prum terceiro gay que falou que estava ocupado mas me pediu pra voltar lá 4 e meia que ele dava um jeito pra mim. Fiquei super feliz porque era uma oportunidade de mostrar quem eu era e também de cortar o cabelo. Sai de lá pensando "Vou falar pra ele cortar o cabelo do jeito que ele quiser e que se foda!".

Liguei pra piazada eles tavam indo pro Balboa Park. Lá tem vários museus e todos são 10 pila pra entrar. Lembro que fiquei muito injuriado, tipo: "How much?" "Ten bucks" "Ah, vai tomar no cu!". Acontece que Terça-Feira. 3 museus são na faixa.
Ou seja, cada Terça-Feira tem 3 na faixa e assim vai, se você ir em todas as Terças do mês dá pra ver todos, mas mesmo assim tem alguns que só pessoas nascidas aqui podem entrar. Os San Diegans. San Diego citizens.

De Hillcrest pro Balboa Park é bem perto. Mesmo assim peguei um bus. Do nada um cara numa camionete fechou o bus e o motorista do bus começou a gritar "You're idiot, you're idiot, you're fucking idiot!". Pegou o telefone, que aqui os bus tem telefone, "I got a drunk driver here, drunk driver here". Uma loucura. Parei no Balboa e agora vou falar sobre os museus.

Balboa Park

Natural History Museum

Fui primeiro no Natural History Museum. O maior de todos.
Um pêndulo gigante na entrada não saquei qual era, algo sobre gravitação.
Lá, ossadas e esqueletos de dinossauro. Típico museu de filme, pra quem se encarna em dinossauro um prato cheio. Dinossauro até o talo. Salas e mais salas com coisas pra ver, botões pra apertar, televisores mostrando vídeos.

Daí no segundo andar Aerial Portraits by Jhon Shelton. Quadros com fotos de vales, crateras, canyons, montanhas, vulcões. Eram bem legais, enormes, preto e branco e de 1960 assim. Aí tinha umas foramções rochosas loucas pra caralho típicas do USA. Colorado, Arizona, Novo México. Aquela cratera enorme que um asteróide bateu um dia. Bem louco.

No terceiro andar umas fotos do Tibet. Não me encarnei muito.

Aí num saguão lá embaixo era uma parte sobre a água. Havia mapas topográficos, e mais ossadas de bicho. Por toda parte havia bichos empalhados e réplicas de animais. Em uma parte uma florestinha com uns tigres dente de sabre, uns javalis endinossaurados, uns bichos endinossaurados. Um crânio de uma baleia Finback, que depois da Azul é a maior. Meu deus, só esse crânio dava uma sala inteira. Várias coisas de apertar, de visualizar e criançada por toda parte perguntando coisas sem noção pros pais. Quero não sei o que, quero não sei o que. Subindo nos bichos, apertando tudo.

Aí ainda peguei um filme de boiada que ia começar num cineminha dentro do museu, sei lá, capacidade pra umas 700 pessoas, uma super tela. 40 minutos. Falava sobre o cérebro, muito meu pai o filme. Muito discovery channel. Explicou umas situações do cara que ficou 38 dias naufragado no mar e quando pescou um peixe a primeira coisa que comeu foi o olho. De como o cérebro aguenta suportar a fome, o perigo. Um cara que ficou numa caverna uma cara e comeu o próprio dedo. Bem legal.

Fleet Science Center

Esse museu foi o mais legal. Só tipo experiências do professor Pardal assim. Não literalmente, mas coisas tipo com eletricidade, um simulador de tornados, uma réplica idêntica do robô que vão mandar pra Marte em 2010, um periscópio que dava pra ver tudo lá fora do museu, um negócio que tira foto e mede tua idade, uns brinquedos com frequência, muito magnetismo.
Umas paradas muito Castelo Rá-Tim-Bum na verdade, lembram do começo do programa? Então, bem aquilo.

Uma criançada infernal, enlouquecendo com os aparelhos. Muito legal criança falando inglês.
Muita coisa de espelho e ilusão de ótica, sempre com uma explicaçãozinha do lado. Umas coisas voando, motorzinhos. Um negócio que dava pra dar zoom nos objetos.
Bastante coisa sobre desperdício de água e de energia também.
Tudo computadorizado e legalizado.

Nessa que eu encontrei a piazada mas tava atrasado pro meu corte de cabelo. Saí correndo peguei um bus de volta pra Hillcrest.

Model Railroad Museum

Tinha mais outros museus, um era sobre os trens antigos daqui, réplicas de trens, parecia bem legal só que não pude entrar. Deu pra ver umas maquetes enormes e mapas em alto relevo, fiquei viajando. Umas fotos de San Diego em ,1880, 1900, 1920, 1940, 1960 também. Uma pira, enquanto os tropeiros tropeiravam aí em Ponta Grossa a indiarada mexica e americanada descia o porrete, não perdiam tempo por aqui também.

Um outro só não entendi, meio que uma casa antiga assim, Centro Cultural de La Raza.
O Balboa Park em si é muito grande, eu tenho que dar uma sacada pelo Google Earth. Dentro do parque tem o San Diego Zoo que chegou aos meus ouvidos que é o terceiro mais tesão zoológico do mundo, só perdendo pro de Berlin e de Londres. Vai saber.

Voltei lá no salão fazendo a frente, já lavaram meu cabelo e cortaram-no. Trocando uma idéia violenta com o cara, falou que vai me chamar pra uma entrevista. Uma hora falei: Make a receptionist hairdo! (Faça um penteado de recepcionista). Meio que dando umas indiretas, as outras cabelereiras davam risada. Dei uma boa considerada e foi nessa que carpi o trecho.

Cabra câmbio desligo.

911

Hillcrest

Resolvi ir à Hillcrest, próximo à North Park. Na verdade ainda não sei o que é um e o que é outro. É o lugar que fomos naquela galeria Mano Negra. Aí imaginem vocês o que me aconteceu.
Aplicando em tudo que é lugar resolvi aplicar num Md Donald's. Um cara de cadeira de rodas. Cadeira de rodas aqui quase 100% eletrônica, Deus que me perdoe mas parece ser divertido, eles vão rápido assim, sobem no ônibus controlando, um carrinho mesmo.
Então um senhor numa cadeira de rodas dessas me chamando, eu: "iiiiiiii". "É comigo?"
Fui lá demorei pra sacar o que se tratava mas o que estava rolando é que um cara estava cozido no ponto de ônibus e ele queria que chamasse uma ambulância. Muito engraçado:
- Pra quem que eu ligo?
- Liga pra polícia!
- Qúal é o número da polícia!?
- Não sei, ah, acho que é 911 - ele disse.
Encabecei uma ligação pra polícia pela primeira vez na minha vida. Nessa, o bêbado tinha se debruçado no ponto de ônibus, parece que tinha mijado nas calças.
Passaram pro ramal da ambulância, duas pessoas falando comigo com muita calma eu meio que me desesperei assim "We need an ambulance right now!". (Nós precisamos de uma ambulância agora!) Daí já vieram "Sir, we have to be calm, and answer some questions". (Se acalme, você tem que responder umas perguntas". Nessa, o bêbado tinha caído pra trás do banco e tava preso entre o próprio ponto de ônibus e o banco. Entalado. Daí com muita calma, dei meu nome pra polícia, a rua em que estava, e o véio handycap ali do meu lado me ajudando com as palavras "He is choke, his neck is stuck between the bench and the bus stop" (Ele está sufocado, a cabeça tá presa entre o banco e o ponto de ônibus). E a polícia com várias perguntas, ele tá respirando? ele tá se mechendo? ele tá consciente? Aí pediram pra mim ficar na linha até que a ambulância chegasse, em questão de minutos chegou. Foi muita felicidade, ouvir as sirenes. Nessa já tinha uma galera olhando pro cara deletado no ponto. Com o olho meio aberto, os bombeiros sofreram pra desentalar o menino já fizeram os primeiros socorros, eu cumprimentei o véio e saí vazado.