Cabrashow: a loucura documentada da vida. Pra quem gosta de ler!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

The economy is bad

Tantas coisas se passaram e minha vontade era contar em detalhes tudo logo depois do acontecido. Cada situação que trombamos nessa nossa vida louca não é gente?
Cabrashow agora fervendo com amigos gringos agora vai virar mais vídeos e fotos e menas ladainhas. Na verdade só não escrevo quando não tenho tempo e oportunidade mas coisa pra contar é o que nunca vai faltar.
Não sei se contei, outro dia fui numa entrevista de marketing, pega o trolley green line direção Santee, passa o Qualcoom Stadium que é o estádio do Chargers e para em Grantville. Falando nisso, Trolley é um charme minha gente, é muita pira, você pega ele na estação, vem um de 7 em 7 minutos, fecha e vai. Tal qual metrô de São Paulo. A diferença é que não vai tão rápido e não é tão subterrâneo, muito pelo contrário, os filhos da mãe erguem caminhos lá no alto só para o Trolley. À parte das freeways, dos viadutos, dos underpasses tem o trilho do trolley que vai costurando a cidade, pra direita, pra esquerda, pro alto, pra baixo. Uma hora passa no meio de um clube de golfe e o clube é tão grande que tem campos dos dois lados e o Trolley passa pelo meio. Pra vocês terem uma idéia nessa estação Grantville, assim como várias outras, você desce do Trolley e pega o elevador pra descer na rua lá embaixo porque a estação é no alto.
Cheguei lá de terno e gravata, tinha 10 pessoas. O cara mandou um por um ler uma parada sem noção em um slide, uma fala de marketing assim. Todo mundo leu normal com exceção de um negrão que já tinha trabalhado lá, encarnou um telemarketer na hora deixando todo mundo no chinelo. Foi muito sem noção na realidade, não precisava. Mas tá, daí não sei com que critérios o gordinho filho da mãe dono do bagulho falou que ia chamar o nome de 4 pessoas que seriam contratadas e o resto era pra carpir o gato. Essa foi a que cheguei mais perto, 10 pessoas e ia contratar 4. Não chamou meu nome, saí fora e foi muito pra ir num cantinho qualquer e enfiar o polegar no cu de vez.
No elevador pra subir de volta embarcar no Trolley um negrão cabisbaixo muito gente boa, que também tinha sido descartado, falou que já tinha trampado para aqueles caras e que aquele gordo é um filho da puta mesmo que podia ter contratado todo mundo. Reservation Agents, o nome da parada. Nas revistas daqui, Reader e Job Giant o que sobra é trabalho com telemarketing. Deve ser foda pra caralho porque o negócio é automático e você faz tipo umas 200 ligações por dia tentando convencer as pessoas que elas ganharam uma viagem pra Las Vegas ou um carro novo.
Enfim, o negrão me abraçou e passou as dicas de vários lugares pra procurar emprego. Um era no Shipyard BAE, descia na estação Barrio Logan que fica praticamente embaixo da Coronado Bridge. Também fui num lugar que dão cursos de manutenção de computadores e enquanto você faz o curso pode trabalhar pra eles só não deu boa por causa do meu visa por mais que passei o migué no cara que vou ficar por 1 ano pelo menos em San Diego. É isso que os intercambistas tem que falar, que manager vai contratar, treinar o caboclo pra dali 4 meses ter que achar outro e começar tudo de novo.
Quando Evan, Phil foram lá em casa pela primeira vez, falei, assim como falo pra todo mundo da minha situação tensa de ter gastado uma grana com a viagem e estar tomando no cu desse jeito. Eles assim como todos falaram, "the economy is bad", (a economia está foda), mas Evan falou ainda mais, falou que eu tinha que curtir, parar de ficar cabrero. Falaram que eles que são americanos não tão estudando e não conseguem achar trabalho. Falaram: "Come back and say, mom the economy was bad and there was nothing I could do" (volte e fale, mãe a economia americana tava foda e não pude fazer nada). Falaram que até os mexicanos nem estão atravessando a fronteira mais. Até os Tijuanenses desandaram de vir tentar a vida em San Diego. Curiosamente falaram que ano passado, 2008, e ainda mais 2007 e antes sempre foi barbada arranjar emprego aqui, usou o termo "flourishing" "florescendo", tudo contratando. NOW HIRING!
Outro dia entrei no ônibus e assim como acontece algumas vezes, percebi que duas meninas bonitas eram brasileiras. Como algumas vezes pausei meu Mp3 pra ouvir do que se tratava. Pobres coitadas, uma reclamando pra outra que a mãe não tava aguentando bancar mais, que não achava que seria assim, que não pode pagar o aluguel mais. As duas estavam muito zangadas. Aí eu fico pensando, eu ainda homem que sou, durmo de qualquer jeito, aguento uma fominha, não me dou por abatido, aprendi e consigo regular a tomança de cu de cada dia. Mas já pensou essas loiras, de certo que só dão prejuízo mesmo. Na real é difícil imaginar alguém que encabece uma boa procurada de emprego, tipo o Chris aqui americano tá procurando mas é diferente. Ele foca em um restaurante, se concentra para um belo dia ir lá e aplicar.
Edgar irmão de Eric que eu tenho trocado uma idéia também. Ele nasceu em Tijuana, joga bola bem pra caralho, com ele que fui jogar no INDOOR lá. Muito gente boa, tem 19 anos e um grupo de amigos mexicanos muito gente boa todos. Conheci o Israel com quem tenho traduzido as músicas infantis que componho para o espanhol, por exemplo:
Esse menino não tem jeito eu já disse
Esse menino tá fazendo macaquice
Pula!
Macaco!
Em espanhol ficou:
A este niño no lo aguento yo he dicho
Este niño esta hacyendo desastre
Brinca!
El Chango!
Brinca El Chango ficou demais, agora saquem essa outra:
Mais adiante olha só o que a gente vê
Mas adelante amigo checa lo que vi
É muito grande não tem com oesconder
És muy grande no hay como ocultarlo
Um gigante
Elefante (mesma pronúncia nos dois idiomas)
Balança a tromba pra frente
Mueve la trompa pa enfrente
Balança a trompa pra trás
Mueve la trompa pa tras
Se um incomoda muita gente
Si uno molesta mucha gente
Dois incomodam muito mais
Dos molestam mucho más
Mais do que verdade, uma experiência de riqueza sem igual trocar uma idéia com estes camaradas do México. Eram 3 línguas comendo soltas: Inglês, Espanhol e Português. Eric de antemão me veio com essa "cara, meus amigos não vão parar de perguntar como se fala as coisas em português". Mas é com imenso prazer que eu respondi e perguntei muito pra eles também. Israel quis saber e aprendeu "Quero arranjar uma namorada brasileira". E eu suguei várias coisas deles também, minha tia Sane que ia caretiar com o espanhol deles. Israel tava me explicando, chamam ele de Chilango, ou como todo mexicano de Cidad del Mexico é chamado, sobre como tiram sarro do acento das pessoas da capital mexicana, e me mostrou como é a diferença da pronúncia de um piá de Mexico City e um piã de Tijuana. Mostrei pra ele como tiram um sarro de nós do sul e o "leite quente dar dor de dente" nosso. Pira é pensar que o espanhol do Uruguai, ou Colômbia, ou Argentina é também diferente do deles que também é diferente do da Espanha que está do outro lado do oceano.
Grupinho gente boa, eu só querendo aprender a falar besteira em espanhol, isso foi numa festa. Tá bom, eu fui numa High School Party. Nada como Superbad, American Pie.. foi parecida com aquelas dançantes áí do Brasil. de cortar o coração na adolescência, a diferença é que a sacada dava para uma super vista cobrindo a Mission Bay e tudo mais. Foi em Clairemont a festa, fui de carro com Eric, fiquei lá com orgulho de ter chegado na festa com os mexicas. Eu era o brasileiro, me pediram pra samber mas não sabia. "Mostra como dançam no Brasil". Me deram uma pulserinha de neon florescente e no final tudo se resumia naquelas pulseirinhas, as meninas fizeram colar, cintos imendando uma pulseira de neon na outra e só faltavam enfiar no rabo.
Tomei 6 latinhas de coca cola e forcei vários chips com um queijo que tinha lá. Não me senti descolado, até dei uma dançadinha e troquei umas idéias. Falei com a mãe da mina que era professora de inglês. Não tinha gole, pais e tias pro meio, uns japoneses tomando conta. Falando nisso, japoneses tomam conta mais do que qualquer outra raça aqui. Estão por tudo. Ásia dominando. Senhoras e senhores: Ásia.
Na volta todos com seus carrinhos, que não eram qualquer carrinhos. Fico encucado como um piazóte de 16 anos pode dirigir assim tão de boa um super carro pela freeway carregando quem quiser. É muita barca essa vida americana. Drive thru, x-burger, ar condicionado. Eles todos são muito leitinho condensado mas mesmo assim são estressados e tensos. Então quem é um pouco mais bruto aqui, leva a vida numa boa. Por Deus, metade do conforto deles já é pra nós, uma vida de rei. Legal foi o que o Edgar irmão de Eric disse muito bem colocado:
"They say the economy is bad but it's better than anywhere else..."
By the way, já contei que estou trampando num restaurante? Tá, essa fica pra depois..

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