Os camaradas e conhecidos me apoiavam no MSN, mas de uma certa forma eu estava no aguardo do comentário daquela pessoa que acompanhou tudo, desde o começo antes de sair do Brasil até os dias de hoje. E foi numa tarde que este comentário chegou. Foi no dia 16 de Março através de um scrap no orkut que um indivíduo com apelido de Dexter me passou a seguinte mensagem:
Dexter:
No duro o que aconteceu com Dexter foi que na etapa final dos preparativos para a viagem deu um problema com o cartão de crédito e ele teve que pagar o preço da passagem do avião praticamente toda em dinheiro vivo, sendo assim baixou na gringa com muito pouco cash de verdade. Fiquei muito de rosto lendo aquela história me pondo no lugar dele se virando sem dinheiro e com um inglês precário. Falou que pedia ajuda pra galera na rua, chegou a ficar com um velho americano que o acolheu por 1 semana na generosidade total.
Me contou que chegou quase no ponto de dormir na rua, quebrado, dormiu num albergue tenso, contatou um amigo brasileiro que estava em San Diego e o amigo o acolheu por alguns dias somente e despejou o coitado. Sem ter pra onde ir, pra piorar ainda mais uma chaga lhe surgiu nas gengivas que sangravam e doíam, emprestou uma grana desse amigo que tinha sido pau no cu e voou pra casa de uma outra conhecida nos Estados Unidos, o detalhe é que ela morava no estado de Maryland. Califórnia e Maryland são estados completamente opostos então ele foi literalmente de uma costa à outra da América do Norte e tomou no cu lá também porque a universidade que estava se agilizando não deu boa. Apesar de que conheceu Washington DC, deu umas bandas com uns amigos por lá, viu neve, muita neve, coisa que eu nem vi a cor, mas sempre quebrando e a raça emprestando dinheiro pra ele.
Aí alguém conseguiu entrar em contato com a agência mas já era tarde, Dexter já perdera seu vôo. Substituiram seu ticket para o outro dia, chegando lá os paus no cu embaçaram com o excesso de bagagem de Dexter e cobraram um adicional de $50 dólares, grana a qual Dexter só, mas só não tinha. Na pressa, na "drena", faltando algo como meia hora pro avião decolar Dexter não pensou duas vezes dispensou uma de suas malas inteira no lixo. Meias, tênis, roupas, livros de inglês e o caralho a quatro, jogou o excesso de bagagem no lixo do aeroporto e entrou no avião. Depois se arrependeu, pensou que poderia ter dado pra alguém. Mas só até aí calculem o tamanho da cagada.
Eu contava pra minha mãe e sofria com a situação dele também. Pensava, "puta, esse piá tá tomando no cu que nunca vi". Até então só no MSN. Dexter era meu amigo virtual.
Chegando no Kansas sem pai nem mãe Dexter no aguardo de um suposto treinador que estaria o esperando no aeroporto, recebeu a informação que a universidade deu para trás completamente de última hora alegando que Dexter não tinha alcançado a média em uma avaliação de inglês que fez assim que chegou em San Diego.
Umas horas me falava no MSN. "Daí Luam, pense, eu estava no aeroporto, sem lugar nenhum pra ir, sem ninguém pra telefonar, sem dinheiro nenhum pra comer". Uma situação limite tal que com o perdão de Deus chegava a ser engraçado e assim como ironizamos com meus amigos que quando não há solução alguma e nada a se fazer agaixa-se de cróque e introduz-se o polegar no próprio cu pra acabar com a desgraceira mesmo. O Amauri que surgiu com essa uma vez, disse que tava fodido no centro, tava fodido na faculdade, o celular sem bateria, perdeu o ônibus, pensou "ah que se foda" e enfiou o dedo polegar no próprio ânus. Falou brincando né! Aí eu e Luimar até inventamos o verbo polegarziar, quando tudo dá errado, quando tudo está perdido só nos resta enfiar o polegar no próprio cu. Só polegarziar mesmo. Não que fatidicamente toquemos nossas partes íntimas, só o modo de falar mesmo. Ui, credo!
Imaginem qual não foi o gelo no meu saco quando eu a trabalhar ali por 22:00 horas da noite quando de repente uma faceta Dexteriana aparece no meu caminho e fala "daí véio". Meu deus. Falei pra ele que eu saía às 23:00, pra ele chegar mais além que daí a gente trocava uma idéia. Eu até tava com um pressentimento que a figura ia aparecer. Ele me pareceu bem mais jovem do que eu imaginava e aí trabalhei a última hora do expediente na adrenalina de sair falar com ele.
Precisa contar o resto da história? Meu patrão falou, gostei deste piá, pode voltar com o Luam amanhã. Saímos do expediente, ele já tinha reservado a noite no OB International Hostel que trata-se do albergue mais psicodélico/hippie/roots que já vi.
No final das contas deu tudo muito certo pro Dexter. Um verdadeiro final feliz que na verdade está sendo só um começo feliz. Minha felicidade é enorme de ter dado uma mão pra esse caboclo, os pais dele estão muito mais sossegados. Tá lá, trabalhandinho sossegado, fstudando e jogando bola pela faculdade. Tudo isso na Califórnia, pico mais irado do mundo. Vai voltar pro Brasil no final do ano só pra visistar a família e está pensando em trazer o Edgar.M e contou que Edgar já está até guardando dinheiro para a viagem.
Então teremos visita!